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Dica da semana: The Essex Serpent

Foto do escritor: giuquinteirogiuquinteiro

Por Talita Oliveira


A série The Essex Serpent foi lançada em 2022 pelo streaming Apple+TV. Estrelada pelos atores Tom Hiddleston (Loki), no papel do Vigário William, e por Claire Danes (Homeland), na pele de Cora, foi mais divulgada antes de sua estreia do que depois, o que não significa que seja ruim. Merece ser vista principalmente por abordar um período em que a Ciência está em luta contra a Religião. A história é ambientada na Inglaterra do final do século XIX e tem como cenários a capital do país, com seus avanços tecnológicos, sobretudo na área da medicina, e o interior, onde pessoas supersticiosas acreditam que determinados eventos, que não sabem explicar, seriam obras do demônio, num enredo em que Ciência e Religião se contrapõem. Nesse ambiente, por exemplo, a viúva Cora, uma mulher que sofria abusos físicos de seu marido, finalmente se percebe livre ao ficar viúva, e então parte em busca da sua felicidade. Ela se afeiçoa pelo médico que cuidou de seu marido, que é tão racional quanto ela. Todavia, o interesse de Cora pela ciência faz com que viaje para o litoral de Essex, onde estão ocorrendo rumores sobre a presença de uma Serpente marítima; ali, acaba se envolvendo com o Vigário da cidade, que é casado. Por ser uma cientista, ela pensa que essa Serpente nada mais é do que um dinossauro que ainda estaria vivo; já as pessoas da região estão convencidas de que se trata da Serpente bíblica que, em tempos remotos, seduziu Eva. Essa analogia fica clara quando as pessoas que estão morrendo afogadas na cidade são mulheres que cometeram heresias. Ou seja, percebe-se uma alegoria com o livro do Gênesis, em que Eva, tentada pela serpente, leva Adão para provar do fruto proibido; além de serem expulsos do paraíso, recebem o pior castigo, que é a morte. E durante os seis episódios, os personagens que estão prestes a morrer confessam que viram a Serpente. A presença de Cora, que é uma mulher independente e, além disso, também é paleontóloga (as cenas de escavações deixam os arqueólogos felizes, pois não são cenas exageradas como as de Indiana Jones ou Lara Croft; ao contrário, mostram uma profissão mais semelhante com a que se vê em Vingadores, sem a ideia de simples seres humanos cavando por meses debaixo de sol quente sem nada encontrar), deixa a pequena Essex em pavor. Sua imagem é comparada com a de Eva, por supostamente trazer a Serpente (morte) para a vila e, ainda mais, por fazer com que o Vigário se apaixone por ela. Percebemos, então, a agonia de William, que deverá escolher entre o paraíso, cuidando da sua família, e a vida em pecado, deixando-se levar pela Eva/Serpente. Do outro lado há o médico, cardiologista, que também se apaixonou por Cora. Tendo facilidade para abrir o peito dos pacientes, intenta ser o primeiro a realizar uma cirurgia de coração com êxito. Porém, ele não consegue fazer com que o coração de Cora se entregue a ele. E assim temos Cora como a sedutora que envolve o médico realista e o vigário religioso. Por quem será que a Serpente se deixará conquistar? De todo modo, ela faz com que todos pequem; e não só esses personagens principais, mas, também, sua empregada, fiel escudeira que acaba, de algum jeito, sendo por ela persuadida. Por fim, o que a série mostra é que poderíamos crer somente na ciência e em mais nada ou, então, poderíamos ser completamente devotos as nossas crenças religiosas. E que, aceitando a convivência com as nossas culpas, conseguiríamos seguir em frente.


Escrito por Talita Oliveira

Editado por Ezio Frezza Filho

Organizado por Giulia Quinteiro

 
 
 

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