Por Talita Oliveira
Imagine um dia ensolarado. Você está com o emprego que sempre quis, tem uma bela família, tudo está indo muito bem, mas, de repente, aparece uma entidade e lhe fala que em dois dias você irá para o inferno. Bem, esta é a história de Profecia do Inferno, minissérie de seis episódios, baseada em um livro do mesmo nome (de Yeon Sang-ho e Choi Gyy-seok), que está no catálogo da Netflix. Nas primeiras cenas da série já ficamos intrigados com a presença dos “Anjos da morte”, que vêm buscar indivíduos que já foram avisados que morreriam. São seres gigantes, que nos lembram até os Nefilins, o que faz aguçar a nossa curiosidade. Os seis episódios se dividem praticamente nas histórias de 4 personagens; os três primeiros focam na história de um policial, que investiga essas mortes misteriosas, e na de um pastor, que prega que os “Anjos da morte” só levam para o inferno quem é pecador. Com esses argumentos, o pastor acaba criando a Igreja da Nova Verdade, que ganha adeptos muito rápido. Os três últimos episódios já mostram um tempo depois, quando a Igreja da Nova Verdade se torna gigantesca na Coreia do Sul. Seus fieis são vistos como os sabedores da verdade e ninguém pode contrariá-los, pois eles sabem porque esses gigantes aparecem para certos tipos de pessoas. Segundo eles, só aparecem para indivíduos pecadores, o que reforça a ideia de que as pessoas devem seguir a Nova Verdade para deixarem de pecar. Isso muda quando, de repente, um bebê recebe uma notícia profética de que irá morrer em três dias. E então surgem as questões: como a Igreja poderia justificar isso? Como um recém-nascido poderia ser pecador? São questionamentos que provocam o início de algumas artimanhas para que o caso seja escondido da sociedade. A série provavelmente terá uma segunda temporada. Sim, ficamos curiosos com a presença dos anjos e com as ações que daí se desenrolam. Todavia, esse cenário é apenas um pano de fundo para nos mostrar o verdadeiro cerne da história: cada ser humano é dotado de sua fé e possui suas crenças, e não há nada de errado nisso; é errado quando aparece alguém que manipula a fé alheia. Quantas vezes já vimos pessoas entregando tudo que possui para os ditos profetas? Não estamos aqui dizendo que não existem pessoas que realmente são seres de luz, mas em qualquer área e lugar existem pessoas que só querem tirar proveito próprio e, com isso, normalmente, acabam levando o outro à destruição. A fé é uma das coisas mais belas e puras do indivíduo. Mas, sabendo das fragilidades que a fé pode acarretar ao ser humano, algumas pessoas abusam da situação e disso se aproveitam maldosamente. Essa série aborda o quanto o ser humano pode ser muito bom, mas também pode ser muito cruel.
Escrito por Talita Oliveira
Editado por Ezio Frezza Filho
Organizado por Giulia Quinteiro