Por Talita Oliveira
The Sacrament, de 2013, é um filme que passou desapercebido, mas que vale a pena assistir pelo seu conteúdo. É um fake documentário, que conta a história, já bem conhecida, do líder Jim Jones: um fotógrafo (Patrick) tem a oportunidade de ir a um vilarejo isolado onde a sua irmã (Caroline) está morando. Empreende a viagem junto com amigos jornalistas e encontram o que parece ser o lugar da utopia, onde vivem os membros de uma seita, todos em estado de plena felicidade. Tal como a maioria das que conhecemos, é uma seita que faz uso da religião para dominar seus membros e, assim, manipulá-los. O “dono” é chamado por todos de Pai, o que por si só já demonstra o discurso do poder (Bourdieu, 2011); ele prega a união e a igualdade de todos – e todos são obrigados a lhe obedecer. Seu discurso é sempre pautado na Bíblia cristã, pregando que todos devem abandonar as coisas ruins das cidades e viverem do que a terra tem a oferecer. Todavia, para entrar para o grupo, de nome Vilarejo Eden, as pessoas precisam vender tudo o que possuem e doar o dinheiro da venda para a comunidade. Conforme o filme vai se desenrolando, os jornalistas, que em princípio acreditavam em toda aquela utopia, começam a perceber que as coisas não eram bem como esperavam. Durante todo o filme há dicas de como ele irá terminar; é um clássico conto de seita. A princípio, pode parecer um filme básico do cinema, mas é uma experiência para que nós, da Ciências da Religião, percebamos a vulnerabilidades pessoais e como os que exercem o poder do discurso iludem por meio de questões sensíveis, como as que envolvem crenças e profissões de fé. Muitas seitas conhecidas fizeram (fazem) uso da religião para dominar as pessoas. Quando encontramos um grupo que se diz acolhedor e que prega coisas nas quais acreditamos, a tendência é nos sensibilizarmos e aderir ao grupo. Quando estamos sem rumo, precisamos de alguém para nos guiar e é neste momento que esses líderes aparecem. Por isso, ainda na atualidade, é recorrente a fala sobre pessoas que foram enganadas - e, infelizmente, conforme as vicissitudes de nossas vidas, podemos nós mesmos entrar em um desses grupos.
Escrito por Talita Oliveira
Editado por Ezio Frezza Filho
Organizado por Giulia Quinteiro
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