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O racismo religioso em uma sociedade plural

Por Zuleica do Carmo Garcia de Barcelos



Pela constituição, um país laico. Porém, ainda retrógrado e racista.


A população negra tem vivido um tempo desafiador em todo mundo. A necessidade de “sobreviver” em meio a desigualdade, ao racismo, ao desrespeito, a diferença nos âmbitos econômico, social e político tornam-se verdadeiras batalhas no dia a dia dessa população que, ainda precisa lidar com a intolerância religiosa por expressarem sua fé. O candomblé e a umbanda, são frequentemente alvos de perseguições e retaliações de uma força pressora organizada na sociedade que demoniza seus cultos e liturgias, fazendo emergir a cultura da violência contra seus praticantes e adeptos. Essa violência tornou-se tão crítica no Brasil que, já recebe uma denominação própria: racismo religioso.


O Brasil tem normas jurídicas que visam punir a intolerância religiosa. A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões.


Se vivemos em uma sociedade plural e laica, por que a existência do racismo religioso? As religiões de matriz africana são impactadas por fundamentalistas cristãos, que por “serem escolhidos” ou “enviados por Deus”, atacam os terreiros de umbanda e candomblé em “nome de Jesus”. Embora, perceba-se a religião como promoção a integridade física, mental e emocional do indivíduo, o fundamentalista está ligado a compreensão equivocada das escrituras sagradas defendendo a sua verdade, mais do que a do próprio ensinamento da religião.


Os extremismos são pontos marcantes do racismo religioso. Queimam e apedrejam terreiros, agridem a criança que está com vestes a identificar sua religião, não há tolerância na existência. Somos um país laico com a transparência da intolerância e do racismo.


A liberdade religiosa é um princípio e um direito assegurado na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e na Constituição Brasileira. Entretanto, de acordo com os dados do Disque 100, no ano de 2016, foram 759 denúncias de “discriminação religiosa”. Já em 2017/18, a média chegou a 500 denúncias anuais e, no ano de 2019, somente no primeiro semestre, foram registradas 354 denúncias.


O diálogo seria uma forma de promover o respeito às diferentes formas de manifestações e práticas de fé. A humanidade precisa entender que fora da cristandade e das religiões hegemônicas, existe ética, moral e costumes ligadas as religiões africanas que valorizam sua ancestralidade e seu axé.

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